Discurso do Presidente Isaías Samakuva por ocasião do 43º aniversário da Liga da Mulher Angolana – LIMA Caro companheiro Secretário-geral do Partido! Caro Companheiro Secretário-geral adjunto! Prezado companheiro Secretário provincial de Luanda! Prezada companheira presidente da LIMA de Luanda! Distintos membros da direcção do partido! Caros Deputados! Companheiros! Senhoras e Senhores!
Aceitei com muito prazer e com muita honra o convite que me foi dirigido, para proferir algumas palavras, nesta data em que a LIMA celebra o seu 43º aniversário.
Eu achei que devia trazer uma mensagem de felicitações à nossa LIMA, aqui bem representada, uma mensagem de esperança, e também desafios para o futuro. Um futuro próximo e sobretudo para aquilo que pode servir para preparação do vosso congresso, digo vosso, vós a LIMA.
Gostaria de começar, portanto, por felicitar a LIMA por celebra este 43º aniversário, num ambiente que considero politicamente maduro, em que o país regista mais elevado índice de rejeição do regime pelo povo e o mais elevado índice de aceitação da UNITA, como a alternativa à governação do MPLA.
Tudo indica que Angola acordou finalmente do sono e já ninguém tem dúvidas que o MPLA não tem mais nada para dar à Angola. Já ninguém tem mais dúvidas de que o governo do MPLA é incompetente, que o governo do MPLA viola, os governantes violam a Constituição, permanentemente, que não querem servir verdadeiramente o povo e por isso eles (governantes) perderam a autoridade política e moral para dirigir o nosso país. E tudo isso é fruto do vosso trabalho durante estes longos e difíceis 43 anos.
Foram 43 anos de sacrifício, 43 anos de perseverança, 43 anos de conquistas, 43 anos a colocar pedra sobre pedra, no edifício da liberdade, da igualdade e da democracia. O percurso que começou no Kutaho, em 18 de Junho de 1972, e se estendeu pelo Rivungo, pelo Bokoyo, pelo Makela do Zombo, pelo Kimbele, pelo Noki, por Luanda, enfim, por todo país. Tem sido uma maratona honrosa, uma escola, uma vida de lições e de conquistas de valor e incomensurável que nenhum dinheiro poderá recompensar.
Neste percurso, não faltaram heroínas e mártires, na gloriosa história da LIMA. Por todas elas e por aquelas cujos actos heróicos a história não registou, eu gostaria de pedir a todos presentes aqui que façamos agora 1 minuto de silêncio para homenageá-las.
Obrigado!
Felicito, pois a LIMA, porque foi o vosso sacrifício, a vossa capacidade de inovação, a vossa sabedoria, que forjou esse edifício que hoje se chama República de Angola.
Afinal, deviam se lembrar sempre!... A LIMA, enquanto organização feminina da UNITA também é mãe da independência de Angola, também a LIMA é mãe da República de Angola. A República de Angola, creio eu, reconhecerá para sempre as valorosas combatentes da LIMA, e estou certo que em breve chegará o dia em que a República de Angola colocará nos vossos peitos medalhas deste reconhecimento.
Trago também uma mensagem de esperança, porque o ambiente que vivemos hoje é, em certa medida, similar ao ambiente vivido em 1972, quando a LIMA foi criada.
Naquela altura os governantes portugueses que estavam em Angola, diziam que Angola estava a subir, o crescimento económico era de facto elevado, mas a grande maioria do povo não tinha nada, as eleições também eram fraudulentas e a oposição parecia não ter quaisquer possibilidades de um dia vencer. Havia uma Assembleia Legislativa também, com deputados que passavam por eleições, como disse, também fraudulentas, mas que também não mandavam nada, o poder também estava concentrado numa só pessoa, havia muito dinheiro, para algumas pessoas e muita pobreza e sofrimento para a grande maioria. Portanto, tal como agora!
Mas como as ditaduras não são regimes estáveis, de repente, um dia o prédio ruiu e o regime caiu. E como disse, quase foi de dia para noite.
Eu tinha um meu tio ferroviário, que quando eu lhe falava na possibilidade de os portugueses saírem de Angola ele dizia: “o meu filho, não pense nisso, é perder tempo, está a ver isso tudo, isso tudo que fizeram, vão sair?” Quando saíram eu disse: ó tio saíram ou não saíram? “Há afinal tinhas razão.”
Companheiros, hoje a situação é similar. O regime do presidente José Eduardo dos Santos, é comparável à uma árvore grande, frondosa e bonita de fora, mas podre por dentro. Já não tem raízes, o tronco está bem pintado por fora, mas por dentro, o salalé já comeu tudo. Os frutos estão lá pendurados, mas se a árvore for abanada, tudo cai.
Este abanão são as eleições de 2017. No fundo o povo já votou. O povo já disse que não autoriza a venda de terra dos nossos antepassados aos chineses, o povo já disse que não quer mais um governo que mata os seus próprios filhos, os angolanos estão cansados de governantes que assaltam os cofres do Estado, para ir comprar bancos, fábricas, e prédios no estrangeiro para si e para as suas famílias. Os angolanos não aceitam que o governo diga que não tem dinheiro para comprar mosquiteiros e combater o paludismo que mata mais de três mil pessoas, mas tem dinheiro para comprar aviões de luxo para transportar uma só pessoa. 62 milhões de dólares, para transportar uma só pessoa, quando as pessoas morrem por falta de medicamentos nos hospitais. Os angolanos já estão cansados e já perderam o medo. Já despertaram do sono e dizem todos os dias: é demais, chega, chega, chega!
Isto significa companheiras, que o projecto republicano de Muangai está a vencer e o projecto da corrupção está a perder. Já perdeu.
O ideal democrático venceu e o ideal do autoritarismo e da concentração de poderes perdeu. Os angolanos preferem a transparência e a boa governação e não a incompetência, o nepotismo e a corrupção. Portanto, o tempo do MPLA está a chegar ao fim, porque o ideal da UNITA está a vencer e o ideal do MPLA está a perder.
Prezadas companheiras!
O desafio que vos trago é o seguinte: preparem-se, preparem-se para as tarefas do resgate da Pátria, da construção da unidade nacional para a mudança e da boa governação. Preparem-se agora. Construam as ideias-chave e discutam-nas no vosso próximo Congresso.
E como vois podeis preparar isso? Eu gostaria de vos fornecer algumas pistas. Prestemos atenção ao vosso lema.
Este é um slogan, é um lema que a LIMA adora. E o que é a Pátria? A Pátria é a terra dos nossos pais, o nosso berço legítimo, Angola. Angola é a nossa Pátria, é o pedaço do globo terrestre que nos pertence. A nossa terra com os seus rios, as suas montanhas e vales, as nossas árvores e savanas, a nossa fauna, os minerais que se encontram no nosso subsolo. A Pátria angolana inclui o povo angolano. Sim! O conjunto de cidadãos angolanos residentes no país ou na diáspora, porque a Pátria é que nos proporciona a nacionalidade angolana.
Por tudo isso dizemos que a Pátria é eterna e por ser eterna é sagrada. O que é sagrado não se vende, não se hipoteca, não se negoceia e quem fizer isso terá de ser julgado por crime de traição à Pátria.
No passado a nossa pátria era vendida, era o tempo da escravatura. Depois foi ocupada, era o tempo da colonização, agora está ameaçada da nova escravatura, da nova colonização, desta vez por angolanos em posição de mando. É a neo-colonização em marcha. A nova colonização é um fenómeno com forte suporte cultural, que é praticado por pessoas da nossa raça, das nossas origens. O neo-colonizador acha que só ele e o seu pequeno grupo têm direito de se apoderar dos recursos da Pátria.
Vivem fisicamente no território da Pátria, mas comportam-se como se tivessem uma outra Pátria. É para lá que enviam os recursos que retiram da Pátria, os recursos roubados que mantêm no país, ficam registados como propriedades de entidades estrangeiras, ou geridos e controlados por entidades estrangeiras. E arranjam exércitos e milícias, bem armados para proteger o produto do roubo. É por isso que se diz que no neo-colonialismo a repressão é maior, a pobreza é um martírio e a miséria também. De facto, o neo-colonizador, maltrata mais o dono da terra do que o antigo colonizador. Isto significa que a pátria está a sangrar novamente com uma grande hemorragia. Hemorragia dos dinheiros que ninguém sabe onde vão, hemorragia dos valores da angolanidade, hemorragia dos direitos e liberdades dos cidadãos, hemorragia da estabilidade e da paz civil, hemorragia da democracia, hemorragia da justiça.
Não há paz social, não há liberdade, não há dinheiro, não há respeito, não há educação. E nós aprendemos que quando a Pátria sangra todo sacrifício é pouco. Por isso, vamos juntos resgatar a Pátria, porque a Pátria não se discute. A Pátria defende-se. A forma actual de defender a Pátria é mobilizar o povo para a mudança. É conquistar novos espaços, para o exercício democrático da cidadania feminina. É estar envolvido no exercício da cidadania democrática feminina. É participação activa da mulher, na comunidade política, ou seja tanto nos processos de tomada de decisão, como nos processos reivindicativos que fomentam a toda de decisões que beneficiam os grupos mais vulneráveis.
Por exemplo: as mulheres já conquistaram o direito ao trabalho, mas não chega. É preciso conquistar o direito a ter creches para os filhos perto do local de trabalho, e pago em parte pela entidade patronal. Já conquistaram o direito a ter férias e licença de parto, mas não chega, é preciso conquistar o direito a ter saneamento básico lá no bairro, o direito a água potável todos os dias, na torneira, lá em casa, e não no chafariz. É preciso conquistar o direito a ter mercados limpos, com câmaras frigoríficas, para guardar os produtos. É preciso conquistar o direito de tudo isso. O direito à geração de emprego e renda, de educação, de infra-estruturas urbanas e habitação. É preciso conquistar o direito a ter protecção contra actos de violência doméstica, o direito a assistência social, à assistência médica e a pensão de reforma ou invalides. É tudo isso que tem de ser feito em conjunto e para o benefício de todas as mulheres de Angola. Daí a necessidade da Unidade. Unidade de pensamento, unidade da acção.
O pensamento é a mudança do regime, a acção é votar UNITA. Assim diremos de viva voz: LIMA pátria e LIMA unidade. A unidade já está entranhada na palavra LIMA. LIMA é a Liga da Mulher Angolana. Liga significa aliança, união, associação.
A Liga da Mulher Angolana, precisa de unir todas as mulheres de Angola para a mudança. E como podereis fazer isso? Farão isso como as galinhas tiram os pintinhos do ovo para os trazer ao mundo. As mulheres da UNITA precisam de sair do seu círculo pequeno da UNITA. Em relação a maioria dos angolanos esse círculo é pequeno.
Precisam de sair desse círculo da UNITA e penetrar na sociedade, na busca de novos valores, novos talentos, novos projectos. E aqui importa recordar que a AMA, a OMA, o Ministério da Família e Promoção da Mulher e outras organizações, neste processo, não devem ser tidas como adversárias da LIMA. São parceiras sociais da LIMA, é ali mesmo onde vamos buscar os valores para engrossar a nossa a nossa caravana.
Hoje, não combatamos este e aquele, hoje combatamos os males sociais que enfermam a sociedade angolana e que comprometem o futuro das famílias angolanas, comprometem a nossa unidade e a unidade que nós representamos e que queremos materializar.
Algumas entre vós, talvez se alimentam em algo receio como dirigentes ou filiadas da LIMA. Talvez digam que não são formadas, não têm muitos estudos e talvez não possam enfrentar os desafios de exercer a cidadania como dirigentes da administração pública. Eu estou a dizer aqui que estão enganados. Estão enganados. Para governar uma comuna, um município, um bairro, para dirigir uma parte da administração pública não é preciso ter curso universitário. Naturalmente, precisamos de estudar. Mas não preciso ter um curso universitário, um diploma. Para manter uma rua limpa, sem buracos, é preciso ter um curso universitário? Para tirar o lixo da nossa porta é preciso ter um curso universitário? Para afectar o dinheiro lá onde ele é mais necessário, é preciso curso ou vontade política? Para obedecer a lei e respeitar o orçamento e não pôr as finanças públicas nas contas das famílias, é preciso algum curso ou honestidade? Para não se desviar o dinheiro do povo em projectos privados, e depois ter de ficar com as calças na mãos e pedir empréstimos em todo lado é preciso curso ou transparência e responsabilidade?
Prezadas companheiras!
Governar acima de tudo é ter bom senso. Obedecer os limites da lei e ter amor ao povo. Para se governar bem, é preciso ser honesto, dedicar-se e dispor-se a trabalhar. Muitas vezes sem as companheiras das LIMA já demonstram durante os 43 anos, que têm estas qualificações, foram ensinadas pela universidade da vida e testadas pelas intempéries da luta de libertação de Angola. Por isso, preparem-se para as autarquias, preparem-se para governar Angola, cada uma conforme as suas capacidades.
Não se preocupem com as quotas 30%, 20%. Dizia o Presidente fundador, Dr. Jonas Malheiro Savimbi, e eu vou citar: “a emancipação da mulher não deve ser uma dádiva dos homens, mas sim a vossa conquista nas fileiras do combate”, fim de citação. Se houver mulheres dedicadas e capazes para gerir todas as 164 autarquias que serão criadas nada impede que elas sejam as presidentes dessas autarquias. O importante é que sejam eleitas pelo povo, e que tenham vontade de trabalhar no seio do povo e para o povo. Trabalho de mobilização, trabalho de marketing, mobilização permanente e transversal, nas praças, nas redes sociais, nos táxis, nas escolas, em todo o lugar, é preciso mobilizar.
É preciso mobilizar. Mobilizar é participar em todas as actividades sociais que se realizarem no país, em prol da família, da mulher, da criança e dos idosos. Sejam elas promovidas por quem for, pela sociedade civil, ou por qualquer empresa, estejamos lá, estejamos lá. A LIMA tem de estar na imprensa activa e actuante. E quando dizemos a LIMA, não nos limitamos olhar para a Presidente ou para alguém visível, nós estamos a falar da mulher da UNITA, estamo-nos a referir a todas mulheres ambulantes. Este é o desafio que vos deixo. Precisamos de estudar o programa do partido, estudar a Constituição e as Leis, estudar a psicologia do povo, estudar o ambiente político e o meio que nos rodeia, estudar para governar; governar com honestidade e transparência.
Então, companheiras, trabalhemos para resgatar a Pátria, e construir a unidade nacional para a mudança. Como dizia: unidade com todas as mulheres, as da UNITA e aquelas que não são da UNITA.
A luta da mulher é a luta pelos direitos humanos, pela cidadania, pela boa governação. E vocês combateram lado a lado com os homens e continuam a combater.
Conquistaram estes direitos todos, durante 43 anos.
Então companheiras, avante! Avante a LIMA! Viva a LIMA! Viva a UNITA! Viva Angola! Muito obrigado. |